Quando iniciei a minha caminhada na ceara educativa, uma das ferramentas que logo cedo aprendi a usar foi a literatura infantil. Aos quatorze anos de idade já participava de semanas literárias, noites de autógrafo e cursos sobre a arte de contar histórias. Assim, logo logo, seguindo os exemplos dos meus pais, que sempre tem uma história para contar, transformei-me em uma educadora contadora de histórias.
Pescando na memória os contos para fim de ano lembrei-me de Natal com lua cheia, chuva miúda e cheiro de jasmim, de Sonia Robatto, uma grande escritora e atriz, daqui de Salvador. Uma delícia de história, singela, simples e cativante. Um conto que remete à minha infância, onde todos os objetos tinham cheiro, sabor e cores especiais.
O Natal, nossa! Cheiro de comida gostosa, de perfume, luzes, árvore montada em conjunto, presentes, brincadeiras, músicas, orações, família reunida. Quanta saudade das noites enluaradas que juntos, eu, irmãos, vizinhos e primos brincávamos no quintal, enquanto os adultos conversavam e riam de tudo. Os enfeites da árvore (em galho coberto de algodão), todos frágeis, capazes de quebrar ao suave toque estabanado das nossas mãos. O presépio, outra alegria e encantamento. Em volta dele, a oração, a poesia e a música mantinham laços de união que se fortaleciam com as mãos dadas.
Este conto remete cada um à sua infância, aos seus desejos e saudades de tudo que aconteceu ou deixou de acontecer. A simplicidade e o encantamento dos sonhos e desejos contidos em caixas de fósforos faz-me lembrar de Gilberto Gil, quando diz:
"Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível".
Assim são as crianças. Capazes de fazer conter em qualquer espaço, o incabível.
Assim é este conto, recheado de poesia e beleza. Sugiro a todos ler, refletir e criar possibilidades de intervenção e fruição junto aos alunos, filhos, sobrinhos e amigos.
Então, pesquisei na internet algumas possibilidades de intervenção da Editora Positivo com este conto e deixo aqui registrado o link para compartilhar com vocês.
http://www2.editorapositivo.com.br/zepelim/colecoes/horaviva/livros/natalcomluacheiachuva/propostadetrabalho.pdf
Para contextualizar:
Metáfora
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil - 1982Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora
Veja o vídeo abaixo e inspire-se, crie muitas metáforas.
Saudações Fraternas
2 comentários:
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