sábado, 30 de julho de 2011

DIDÁTICA - Como planejar aulas sob um olhar dialógico, crítico e reflexivo?

Amigos, companheiros de jornada


 Tenho notado a crescente vontade de mudança que vem imperando entre alguns colegas, no que se refere às metodologias de ensino. Isto significa que a concepção está finalmente se transformando na sala de aula. No entanto, ainda não se sabe o “como fazer”, para atender a estas novas formas de pensar, que aliás, não são tão novas assim.


Pois bem vão aqui algumas dicas:


• Substitua algumas palavras do seu vocabulário e reflita sobre os sentidos delas, as ações que elas encerram. Assim:


Forçar pode ser substituída por provocar, mobilizar, fomentar, mediar, sugerir, discutir;


Corrigir por ser substituído por analisar, questionar, verificar, compreender, perceber, mediar.


• Ao escolher um recurso, pense em como vai utilizá-lo; se ele se adapta ao tempo de aula, ao nível de maturidade da turma e ao tema provocado.


• As pesquisas devem ser provocadas, e não impostas. O que tem ocorrido é uma série de cópias de trabalhos feitos na internet, quando são feitos. A maioria dos alunos não vê sentido nas pesquisas sugeridas. Por isso, provoque a discussão, pergunte, escute, só depois sugira a pesquisa, cujos temas podem emergir das próprias discussões.


• Atenção na escolha da música. Não é suficiente que ela faça parte do repertório dos alunos, do senso comum ou de uma época específica. Deve fazer sentido. Seu som deve invadir a sala como algo que toque, chame a atenção dos alunos; desperte o interesse. Por essa razão, fique atento para o tempo da música, o volume, a qualidade da gravação, e o seu entusiasmo com ela. Os alunos devem perceber verdade em você, por isso não adiantará se você não curtir a música.


• O mesmo ocorre com os filmes, os textos literários, as reportagens e documentários. Aliás, atenção para os documentários. Não se esqueça de que esta geração está com a mente veloz, com a visão adaptada a imagens e narrativas rápidas, dinâmicas. Portanto, de nada vai adiantar um documentário que vai dar sono em uns e gerar a indisciplina de outros.


• Ao exibir um filme com fins para estudo, não precisa exibi-lo por completo, edite-o primeiro, ou peça a alguém para fazer isso, com as cenas a serem trabalhadas. Isso vai tornar a aula mais dinâmica e os alunos vão querer assistir o filme em casa, compartilhando com a família. Exibir um filme todo, só se for em algum festival, ou outra situação atípica.


• Pesquise os Curtas. Têm muitos que merecem ser exibidos, como Ilha das Flores, por exemplo. Estes podem ser transmitidos sem cortes e favorecem diversas análises.


• Quanto aos textos poéticos, exercite o costume de gravar ou treinar a sua leitura antes, para na hora declamar para os alunos, ou fazer uma leitura dramática, no caso de pequenas narrativas. Isso vai provocar de início risos, estranhamento, e depois encantamento.


• Apele sempre para os sentidos. É através deles que se dá o primeiro aprendizado. Sentir, na pele, o cheiro, o paladar, na visão e na audição vai desencadear a memória significativa. Mas atenção, cuidado para não provocar o desencadear de lembranças ruins nos alunos, para não mexer em feridas pessoais. Se isso acontecer, respeite o momento, torne-se sensível, sem agravar a situação, demonstre naturalidade, sem neutralidade. Se necessário, mude de assunto, com destreza e autoconfiança. Demonstre que você se importa e que todos estão juntos na mesma situação. Isso às vezes fica evidente apenas na sua forma de olhar ou no seu tom de voz.


• Problematize, mas tenha segurança suficiente para aceitar as próprias limitações e expandi-las. Sem preconceito.


• Dê espaço aos alunos para posicionar-se. É assim que será exercitado o respeito a si mesmo e ao outro, considerando as diferenças como fontes de riqueza e não de segregação.

• Quando lidamos com a formação da consciência devemos estar preparados para a catarse que pode ocorrer, no momento dos diálogos. Isto é muito positivo! É falando de si mesmo que juntos, professor e alunos vão se identificando e se reconstruindo, relacionando o conhecimento com a própria vida.

• É muito mais fácil para o professor dar uma aula expositiva, aplicar um exercício e uma leitura sem maiores discussões, mas já aprendemos que esse não é o melhor caminho. Os alunos já não aceitam mais este tipo de aula. Assim como nós, quando éramos alunos, eles também sabem avaliar o professor e a aula.

• Não tenha medo de tentar e recomeçar sempre. Este é o caminho dinâmico do ensinamento e do aprendizado. Pense na sala de aula como o mar: ondas constantes, umas altas, outras pequenininhas, se espraiam na areia, arrebentam nas pedras, nas montanhas, lapidam e vencem os litorais. Pensem nos litorais com os limites das nossas almas e nas ondas como a nossa fonte inesgotável de saber, compreender e agir.

Excelente trabalho para todos, e façam a diferença!

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