Assumir as rédeas do próprio destino, organizando metas e ações com afinco, determinação e uma grande dose de generosidade fazem a grande diferença entre o professor e o educador de sucesso.
O desejo por comandar e determinar os caminhos a serem trilhados pelo outro é tão remoto quanto a própria história da humanidade. Algumas pessoas são educadas de maneira que a submissão, a insegurança e o medo se fazem mais presentes. Outras, mesmo tendo uma educação castradora ou não, mantêm a sua aptidão para a liderança. Entre elas encontram-se os que têm capacidade para administração, gestão, política, sacerdócio (líderes religiosos) e educação.
Como transformar essa potencialidade em competência? Como agir no momento e espaço exatos, garantindo resultados satisfatórios? Como atingir o estágio de profissionalização desejada, equilibrando a ânsia pelo poder com a hierarquia à qual estamos todos submetidos, nos grupos sociais?
Não há receitas do tipo "10 lições para atingir o sucesso" que respondam estas questões de tal forma a mudar os rumos de qualquer educador, mas compartilho com vocês algumas das lições que aprendi e aprendo, as quais foram preponderantes para a minha formação pessoal e profissional.
Não seguirei a linearidade do tempo, pois as transformações não ocorrem como um relógio e um calendário, mas numa mistura entre passado e presente, determinando os passos futuros.
Foi nas minhas andanças educativas, realizando estudos de casos ocorridos nas salas de aula de diversas escolas de Salvador e do interior baiano, convivendo com as mais distintas situações, dialogando com professores, alunos, professores-alunos, na realização de projetos de Alfabetização, Suplência, Pré-Universitários e Formação Continuada, que aprendi uma das mais valiosas lições:
_É preciso conhecer a si mesmo de tal maneira que as ansiedades, o orgulho e a vaidade sejam trabalhados, abrindo espaço para sentimentos e atitudes que bem desenvolvidos culminem no sucesso.
É preciso que tenhamos humildade, generosidade, curiosidade investigativa, honestidade e amorosidade para sermos verdadeiros líderes nesta empreitada educativa.
Humildade para aceitar as próprias limitações e cegueiras mediante si mesmo e o outro; para pedir perdão, se perdoar, e perdoar o outro infinitas vezes, sem se preocupar com medidas e quantidades. Ter consciência das limitações do próprio conhecimento e da ciência mediante a vida e o processo de aceleração contínua da atividade humana.
Generosidade para trocar informações e saberes, reconhecendo os valores do outro; compreender que cada comunidade tem a sua cultura e os seus costumes, necessários à sua existência e que ao ensinar, devemos estar prontos para aprender, através de uma audição que permita-nos compreender a beleza existente em cada estratégia pessoal, grupal ou acadêmica para resolver os problemas e desafios diante a realidade; generosidade para reconhecer o valor existente nas grandes coisas que quase passam por despercebidas, como o amanhecer, o entardecer, uma cantiga de ninar, uma valsa, o silêncio, a maravilha de todos os sentidos que nos possibilitam perceber e tocar no mundo, deixando-o nos tocar.
Curiosidade investigativa. O educador deve buscar o conhecimento científico e o conhecimento da realidade para alicerçar o seu trabalho. Para tanto é preciso manter a nossa liberdade que se caracteriza também no exercício da curiosidade. Querer investigar os mecanismos de aprendizagem, a história pessoal, familiar, cultural e sócio-política de cada grupo, de cada aluno é essencial. Não basta, contudo, investigar; é preciso ter um espírito relativizador, demasiadamente humano. Daí a necessidade de não nos limitarmos a determinadas áreas do conhecimento. Para educar com conhecimento de causa e profissionalismo, é preciso estudar antropologia, psicologia, política e neurologia, por exemplo. Saber de que maneira a memória funciona, como sentidos e saberes se relacionam, como as comunidades se organizam e se estruturam e manter a liberdade, inerente a todo o ser humano, desalinando-se e conscientizando o outro do seu papel no processo de conquista de si mesmo, do outro e da construção de uma nova realidade.
Distinguir conceitos como liberdade, hierarquia e responsabilidade é essencial ao estabelecimento de uma ordem necessária. Não falo da ordem arbitrária, que manipula, nem tão pouco da hierarquia ditadora e meritocrática, mas de uma compreensão das regras, dos papéis de cada um e do respeito que se deve estabelecer na relação eu-outro, a ponto de permitir a troca generosa de informações e saberes concorrendo com o crescimento mútuo.
É preciso que o educador tenha honestidade consigo mesmo, no processo constante de auto-conhecimento, assumindo as escolhas e as consequências, sem nutrir sentimentos de culpa ou vingança. Honestidade para reconhecer os próprios erros e os erros alheios como parte do processo de crescimento, como mecanismo de aprendizagem e sucesso e não como sinais de fracasso.
É preciso praticar o exercício da amorosidade constantemente, imprimindo amor em tudo que nós, educadores, olharmos e tocarmos. É o amor que possibilita a conquista desses itens anteriores e de outros que vocês já identificaram e aqui não se encontram. É o amor, capaz de superar a vaidade, o orgulho, a intolerância e as animosidades geradas pelo preconceito e pelo desejo de assumir o poder a qualquer preço. O amor bem compreendido nos faz superar a própria inércia e avançar em busca do estudo, da pesquisa e do compartilhar. Amor não significa, na minha visão limitada, ingenuidade e aceitação submissa de tudo, mas reconhecer a intenção que existe em tudo, inclusive na educação, a ponto de promover uma revolução pacífica, liderando com sabedoria, humildade e generosidade os grupos sociais e a escola na construção de um presente mais feliz.
Ficamos por aqui. Sinta-se à vontade para deixar seu comentário.
Um abraço. Até a próxima!
2 comentários:
Perfeito! Para todos os que querem exercer uma boa liderança educacional, de arte e fato, é indispensável o desenvolvimento das virtudes as quais você descreveu em seu texto. É somente trabalhando com amor e dedicação, que conseguiremos atingir o nível de educadores de sucesso. Parabéns pelo artigo, espero ansioso pelos próximos. Obrigado pelas elucidações e felicidades!
Me arrepiei com seu texto!!!!
Que bom você tornar publica suas idéias do perfil de um educador de um sucesso.Do educador que não precisa de holofotes, do educador que não tem como único objetivo, acumular em seu currículo, estatísticas positivas de educandos aprovados em vestibulares. E sim do educador que se sente vitorioso quando contribui para um novo olhar do educando, uma nova visão de mundo que faça mais sentido e o deixe mais feliz.
Com certeza, o amor como regente da educação, faz brotar as demais virtudes necessárias para um educador de sucesso.
Parabéns!
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